135 anos do nascimento de S.A.I.R. a Princesa D. Maria Pia de Orleans e Bragança.
Para fazer justiça a grande data comemorada pelos monarquistas do Brasil, o Blog Monarquia Já publica artigo de Rafael Cruz* sobre o 135º aniversário de nascimento da Princesa Dona Maria Pia, Princesa Imperial do Brasil.
Batizada como Maria delle Grazie Pia Chiara Anna Teresa Isabella Luitgarda Apollonia Agata Cecilia Filomena Antonia Lucia Cristina Caterina di Borbone, Princesa Real das Duas Sicílias, era a terceira filha de S.A.R. o Príncipe D. Afonso de Bourbon, conde de Caserta e Chefe da Casa Real das Duas Sicílias, e de sua esposa, a Princesa D. Antonieta de Bourbon-Sicília. Era, portanto, sobrinha-neta da Imperatriz D. Teresa Cristina do Brasil. Nascida em Cannes (França), em 12 de agosto de 1878, quando a família real napolitana estava exilada devido à Unificação Italiana, D. Maria Pia foi educada no Colégio do Sagrado Coração, em Aix-em-Provence.
Quando completou 18 anos foi apresentada à corte da Áustria, e provavelmente nesse período deve ter conhecido o futuro esposo. Segundo a historiadora Teresa Malatian, o início do relacionamento do casal é algo nebuloso, e tido no Brasil até como um boato. O certo é que em 13 de setembro de 1908 foi anunciado o compromisso da Princesa com S.A. o Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança, segundo filho da Princesa D. Isabel e do conde d’Eu. A união se deu em 4 de novembro de 1908 na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Cannes, sendo celebrada por D. Antonio Xisto Albano, Bispo Emérito de São Luiz do Maranhão.
Da união tiveram três filhos: D. Pedro Henrique (1909-1981), que foi Chefe da Casa Imperial do Brasil após o falecimento de D. Isabel; D. Luiz Gastão (1911-1931), prematuramente falecido; e D. Pia Maria (1913-2000), que se casou com o conde René de Nicolay. A Princesa ficou prematuramente viúva, visto que D. Luiz faleceu em 1920, vítima de complicações causadas por sua atuação durante a Primeira Guerra Mundial.
Visitou o Brasil pela primeira vez em 1922, durante as comemorações do Centenário da Independência. Na ocasião, a Princesa D. Isabel já tinha falecido (14/11/1921), e o episódio mostrou-se traumático: quando estavam jantando o conde d’Eu faleceu eu seus braços e ela teve que apelar ao comandante para que não fosse aplicado o procedimento de jogar o corpo do Príncipe ao mar. D. Maria Pia foi atendida em seu desejo, mas a lembrança da ocasião a acompanharia durante muitos anos. No Rio de Janeiro foi recebida pelo presidente Epitácio Pessoa no Palácio do Catete e pôs a pedra fundamental daquilo que viria a ser o Cristo Redentor.
Continuou estabelecida na França com os filhos, na companhia de parentes e de vários amigos brasileiros que continuavam a cercá-los. Com o falecimento de seu filho D. Luiz e a partida de D. Pedro Henrique para o Brasil em 1945, a vida familiar de D. Maria Pia ficou restrita à sua filha e às suas irmãs. Visitou diversas vezes o Brasil, superando finalmente o trauma deixado após o falecimento do conde d’Eu. O filho insistiu por diversas vezes para que a Princesa Imperial Viúva passasse a residir no Brasil, mas ele afirmava categoricamente que tinha medo de vir a morrer e ser enterrada longe de seu esposo. Entretanto, nunca perdeu laços com o Brasil, chegando a ajudar financeiramente na construção da Escola Apostólica de Baturité (Ceará). Em uma das visitas ao Brasil, em 1946, compareceu juntamente com D. Pia Maria, a uma seção do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Chegou à velhice extremamente lúcida e, segundo sua filha, dona de uma imaginação muito fértil para contar histórias aos netos. Entretanto, um eczema das pálpebras fez com que perdesse completamente a visão. A Princesa faleceu aos 94 anos, em sua residência na cidade francesa de Mandelieu, em 20 de junho de 1973.
*Rafael Cruz é formado em História, é pesquisador e monarquista.
*Rafael Cruz é formado em História, é pesquisador e monarquista.
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